A Ilusão do Retorno Rápido: Como evitar armadilhas na compra de usinas de geração distribuída
- Paula Caetano Lima

- 28 de out.
- 4 min de leitura

Comprar uma usina de GD exige mais do que planilha de payback, TIR e VPL.
Nos últimos anos, a geração distribuída virou vitrine para promessas de "investimento seguro" com rentabilidade garantida. Atraídos por narrativas sedutoras e uma publicidade agressiva, muitos investidores embarcaram em projetos sem conhecer os riscos técnicos, regulatórios e reputacionais envolvidos. O resultado? Prejuízos financeiros, desgastes judiciais e ativos subutilizados.
Na Nitia, acompanhamos diariamente os efeitos colaterais dessa bolha de investimento, para não denominar “bolha da ilusão”. E por isso, decidimos abrir esta discussão com profundidade.
A primeira pergunta deveria ser: quem está me vendendo esse projeto?
Muitos dos problemas começam com a escolha equivocada de quem propõe a usina. Em vários casos, o projeto não é vendido por quem entende de geração distribuída, mas por quem entende de vender ativos e promessas.
Um exemplo emblemático é o da Alpha Energy Capital, alvo da Operação Pleonexia (2025), investigada pela Polícia Federal e Receita Federal. A empresa captava recursos de aproximadamente 6.300 investidores em 732 municípios, prometendo rendimentos de 4% a 5% ao mês com base em créditos de energia solar. Alegavam operar 11 usinas com geração de mais de 1,2 GWh/mês, mas a investigação revelou que havia apenas uma única usina em funcionamento, gerando cerca de 28 MWh/mês — configurando uma fraude estruturada para simular rentabilidade (CNN Brasil).
Outro caso relevante e concreto de fraude envolveu a substituição de inversor: o integrador colou sua logomarca sobre a original, ocultando que era um equipamento inferior; o inversor superaqueceu, descontando seu rendimento e causando prejuízo ao cliente. No mercado, tal prática se tornou tão comum, que já foi nomeada de “fake power” (Canal Solar).
Em 2025, uma terceira investigação revelou um esquema de venda de outorgas falsas de usinas solares, com empresas de fachada e documentos forjados, desviando aproximadamente R$ 145 milhões (Cenário Energia).
Esses são apenas os casos que ganharam repercussão nacional, com operações articuladas entre Ministério Público, Receita e Polícia Federal. Mas é importante reforçar: essa é apenas a ponta do iceberg. Centenas de investidores sofrem perdas em fraudes menores, que não chegam à mídia ou à esfera judicial, mas que deixam um rastro de desconfiança e prejuízos silenciosos no mercado de geração distribuída.
Antes de assinar qualquer contrato, é fundamental investigar:
Quem são os sócios e qual seu histórico no setor?
Quais usinas já implantaram?
Os contratos são auditáveis e bem estruturados?
Há participação de advogados e consultores independentes? Quais suas qualificações?
Como avaliar ativos de GD antes de comprar?
1. Se você está comprando um projeto ainda não construído: Checklist básico:
Verifique a titularidade do terreno ou contrato de uso;
Confirme a validade e status do parecer de acesso;
Avalie a consistência da modelagem financeira (Considera Fio B? Vacância de aluguel? Inadimplência?, entre outros);
Analise o memorial descritivo e o layout da usina;
Solicite referências de outros projetos operacionais da empresa vendedora;
Valide se há previsão realista de prazos (licenciamento, conexão, homologação);
Certifique-se de que os contratos tenham garantias e previsão de multas em caso de falha na entrega ou dos equipamentos.
2. Se você está comprando uma usina já construída: Checklist básico:
Solicite histórico de geração com dados reais (mínimo 12 meses);
Verifique a potência instalada x potência injetada;
Diligencie os contratos, a operação comercial, a carteira de clientes. Há riscos? Vacância? Inadimplência? Outros riscos de créditos como créditos expirados ou quase;
Investigue passivos regulatórios e contábeis do CNPJ da usina;
Confira a regularidade com a distribuidora (conexão, compensação, faturamento, impostos);
Verifique manutenções preventivas (principalmente corretivas) e seguros vigentes;
E por último, mas tão importante quanto: avalie negociar por valuation pelo método FCD e não por preço R$/MWp (isso faz muita diferença).
Obs.: importante ressaltar: é um check list básico, e recomenda-se fortemente que toda a análise seja assessorada por especialista, em ambos os casos.
Seu projeto adquirido não performa como prometido. E agora?
Em quase 100% dos casos de “Usinas de Investimento”, a simulação de retorno não se confirma na prática. Se esse é o seu caso:
Afinal, importante pensar: no Brasil, que investimento (em infraestrutura ou renda fixa) gera retorno financeiro entre 2% a 4% ao mês?
Se esse é o seu caso, os primeiros passos são:
Contratar uma gestão qualificada: que vai entender a realidade da formação de receita operacional, modelar e estruturar o cenário realista do investimento e colocar o plano de ação operacional em prática. Na Nitia, temos esse produto, e o chamamos de BPO Técnico, Comercial e Financeiro para Usinas de Investimento.
Auditoria técnica do sistema: identificar se há problemas de projeto, instalação, configuração ou desempenho dos equipamentos, caso seu problema não seja apenas gestão, mas também falhas reais de performance. E acreditem: há a possibilidade de existirem vícios ocultos de projetos e/ou construção.
Como a Nitia atua para proteger o investimento?
A Nitia oferece dois produtos específicos para proteger o investimento em geração distribuída:
1. BPO Técnico, Comercial e Financeiro para Usinas de Investimento Voltado para usinas já construídas que enfrentam dificuldades de performance, gestão ou faturamento. Atuamos na reestruturação completa da operação, garantindo regularidade, previsibilidade e transparência.
Saiba mais em: https://www.nitia.net.br/lpbpo
2. Mapeamento Estratégico de Ativos (MEA) Ideal para investidores que estão avaliando a compra de um ativo. Realizamos uma diligência técnica e regulatória completa, identificando riscos ocultos, inconsistências contratuais e projeções irreais. O objetivo é fornecer clareza e segurança antes da tomada de decisão.
Saiba mais em: https://www.nitia.net.br/lpmea
Com esses dois serviços, garantimos que o investidor tenha suporte técnico, regulatório e estratégico em todas as fases do projeto.
Conclusão: o risco não está na GD — está na ilusão de retorno e segurança que parte do mercado oferece.
O problema não é ter investido na Geração Distribuída, sem entender a complexidade do setor de energia. O que realmente falta e faz a diferença é uma assessoria e gestão de confiança, pautada em dados e análises, compromissada com a verdade e transparência.
Vamos falar sobre isso?
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Autoria: Paula Caetano Lima - CEO | Nitia Gestão Inteligente de Energia
Bibliografia:
- Operação Pleonexia – Alpha Energy Capital (CNN Brasil)
- Fake Power – Substituição de equipamentos e potência falsa (Canal Solar)
- Fraude em outorgas de usinas solares – Empresas de fachada (Cenário Energia)


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